A partir dos estudos realizados durante o "Pró Escola Formação na Escola" foi estabelecida a parceria entre as professoras e professores do CEJA Getúlio Dornelles Vargas: Ângela Ten caten de Sousa, Rosimeire Messias de Lana Patrocino, Orislene da Costa Andrade Fortunato, José Wilson Moreira de Lana e o professor formador do Cefapro de Primavera do Leste: Adão Luiz Patrocino, que de forma coletiva produziram um artigo intitulado "LEITURA E ESCRITA DE TEXTOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: EM BUSCA DE ESTRATÉGIAS MOTIVADORAS PARA A CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS".
O referido artigo foi apresentado durante o JENPEX (Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão), que aconteceu no período de 08 a 10 de novembro, sendo organizado pelo Instituto Federal de Primavera do Leste
A produção textual descreve uma
atividade executada com alunos do Ensino Fundamental do CEJA Getúlio Dornelles
Vargas, com objetivo de buscar aperfeiçoar a
competência e habilidade de leitura e escrita, vislumbrando possibilidades de
intervenções pedagógicas no ensino de Ciências e Matemática.
Professores (as) do Ceja e Professor Formador do Cefapro
Para realizar leitura do artigo na clique em mais informações.
LEITURA E ESCRITA DE TEXTOS NA
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: EM BUSCA DE ESTRATÉGIAS MOTIVADORAS PARA A CONSTRUÇÃO
DE CONHECIMENTOS
ÂNGELA
TEN CATEN DE SOUSA[1]
ROSIMEIRE
MESSIAS DE LANA PATROCINO[2]
ADÃO
LUIZ PATROCINO [3]
ORISLENE
DA COSTA ANDRADE FORTUNATO[4]
JOSÉ
WILSON MOREIRA DE LANA[5]
RESUMO
Este trabalho descreve uma atividade executada com
alunos do Ensino Fundamental do CEJA Getúlio Dornelles Vargas, com objetivo de buscar aperfeiçoar a competência e habilidade de
leitura e escrita, vislumbrando possibilidades de intervenções pedagógicas no
ensino de Ciências e Matemática. O recurso utilizado para
coleta de dados foi à socialização de textos em anúncios de jornais com os
sujeitos aprendizes. Essa prática pedagógica demonstrou que os alunos
conseguiram realizar as tarefas propostas. Apesar disso, foi detectado algumas
dificuldades tais como reconhecer grafia, normas gramaticais básicas, o
significado de termos rotineiros, pronunciar letras, localizar informações
explícitas, elementos principais dos textos e escrita de texto.
PALAVRAS-
CHAVE: Leitura e escrita; EJA;
Estratégias didáticas.
READING AND WRITING TEXTS IN EDUCATION OF YOUTH
AND ADULTS: IN SEARCH OF MOTIVATIONAL STRATEGIES FOR KNOWLEDGE CONSTRUCTION
ABSTRACT
This paper describes an activity carried out with students from CEJA Getúlio Dornelles Vargas Elementary School, in order to improve the competence and ability of reading and writing, looking for possibilities of pedagogical interventions in the teaching of Science and Mathematics. The resource used for data collection was the socialization of texts in newspaper with the apprentices subjects. This pedagogical practice demonstrated that the students were able to carry out the proposed tasks. Despite this, some difficulties were detected such as recognizing spelling, basic grammatical norms, the meaning of routine terms, pronouncing letters, finding explicit information, main elements of texts and writing text.
KEY- WORDS: Reading and writing; EJA; Didactic strategies.
Introdução
O
trabalho formulado teve como objetivo propor atividades tendo em vista
aperfeiçoar as habilidades de leitura e escrita, nas disciplinas de Ciências e
Matemática, de estudantes do Ensino Fundamental, três (03) turmas, período
noturno, do Centro de Educação de Jovens e Adultos Getúlio Dorneles Vargas
(CEJA), no município de Primavera do Leste/MT.
O CEJA é uma
unidade de ensino escolar da Educação Básica, que está localizada no centro da
cidade, cercada de comércios, órgãos públicos, praça e igrejas. Possui prédio
com 12 salas de aulas, uma (01) sala de vídeo, uma (01) biblioteca, um (01) laboratório
de informática, uma (01) sala de professores, uma (01) secretaria, uma (01) quadra
de esporte, seis (06) banheiros e uma (01) cozinha.
Atualmente no
CEJA as aulas acontecem em dois (02) turnos, matutino e noturno, atendendo o
Ensino Fundamental e Ensino Médio.
No ano de 2017, foram matriculados no 1º semestre 1148 estudantes, sendo 240,
no período matutino e 908 no período noturno.
Quanto aos
recursos pedagógicos e tecnológicos, a escola possui biblioteca, laboratório de
informática, quadra de esportes e salas de aulas, sala de professores e cozinha
com refeitório. Conta com computadores, Internet, impressoras, data- show,
aparelhos de sons, caixa de sons e TV etc., para planejamento de aulas pelos
docentes.
Os componentes
curriculares no CEJA estão organizados por área do conhecimento. As disciplinas têm uma determinada
carga horária e o estudante frequenta as aulas até concluir a carga horária necessária.
Para finalizar o Ensino Fundamental o aluno deverá cursar a carga horária de
200 horas por disciplina. Enquanto no Ensino Médio, o aluno deverá cursar 100 horas por disciplina.
A Matriz Curricular com carga horária/etapa combina
aulas presenciais (incluindo oficinas pedagógicas e aula cultural) e atividades
extraclasses (que correspondem a 30% da carga horária total).
A matrícula é realizada por área de conhecimento, e o
aluno só poderá efetuar nova matrícula quando concluir todas as disciplinas da
área de conhecimento que estiver cursando. Ela pode ser efetuada a qualquer
momento do ano letivo escolar em quatro (04) componentes curriculares,
facultando a matrícula em cinco (05) disciplinas, desde que seja
especificamente para atender a disciplina de Educação Física.
O aluno é matriculado no Ensino fundamental ou no
Ensino Médio. Assim, em uma mesma turma do Ensino Fundamental tem alunos do 6º,
7º, 8º e 9º anos, e no Ensino Médio, alunos dos três (03) anos.
Em cada dia da semana, a aula é de uma disciplina
específica, ou seja, o professor permanece quatro (04) horas com a mesma turma
de alunos. Assim, por exemplo, o aluno que precisa estudar as disciplinas de
Ciência e Matemática, frequenta apenas os dias em que estas disciplinas são
ministradas. Os alunos do Ensino Fundamental matriculados nas áreas de
conhecimento das Ciências da Natureza e Matemática também são matriculados na
área de Ciências Humanas. Enquanto que os alunos matriculados em Linguagem
frequentam apenas essa área de conhecimento.
A Educação de
Jovens e Adultos (EJA) requer dos docentes, dedicação e empenho no planejamento
de suas aulas com metodologias diversificadas, recursos didáticos específicos e
trabalho cooperativo e colaborativo.
Estes
profissionais em busca de aperfeiçoamento da prática pedagógica e do melhor
resultado no processo de ensino e aprendizagem, mediante avaliação diagnóstica,
constataram que os alunos do Ensino Fundamental e Médio apresentam nível
elevado de não proficiência na leitura e escrita de textos. Diante disso, considerando
as diversidades e particularidades dos sujeitos aprendizes da modalidade EJA, o
CEJA reassumiu o compromisso de ressignificar o planejamento de ensino com
vistas em superar esta realidade, uma vez que a aquisição das competências e
habilidades de leituras e escritas são condições sine qua non, ou seja, essenciais para o desenvolvimento e evolução
da aprendizagem dos sujeitos.
Nesse sentido,
os professores e professoras do CEJA nos encontros semanais de formação continuada
- (Projeto Pró- Escolas Formação na Escola - PEFE) - estão pesquisando e
discutindo sobre metodologias de ensino, assim como socializando suas práticas
pedagógicas com os pares em busca de
diretrizes que favoreçam uma educação justa e de qualidade para nossos
estudantes.
A nossa
pretensão é que os sujeitos aprendizes, mediante a execução de atividades como
estas, sintam sensibilizados e interessados a praticarem a leitura e escrita no
seu cotidiano, compreendendo a importância dessas competências para sua autonomia
e emancipação na sociedade hodierna. Além disso, que estas estratégias didáticas
possam facilitar e contribuir para vislumbrarmos possíveis intervenções
pedagógicas.
Leitura e escrita de textos na educação
escolar
O ser humano é um ser
cognoscente capaz de construir e assimilar conhecimentos no decorrer de sua
história. E como ser social, cultural e histórico os seus conhecimentos vão se
ampliando, aprofundando e perpetuando de geração a geração.
De acordo com Neves et
al., (2007) a linguagem escrita é uma das grandes conquistas dos seres
humanos. O domínio da leitura e escrita
possibilitou ao homem grandes realizações, como por exemplo, o conhecimento de
diferentes culturas em lugares e tempos distintos.
A escola é um espaço sociocultural com a função de proporcionar
ao ser humano possibilidades de inserção ao mundo da leitura e escrita. De
acordo com Rangel e Machado (2012),
a escola,
considerada como um dos importantes locus de construção e apropriação de
conhecimentos ora reproduzidos, ora criados, tem o compromisso de implementar e
desenvolver atividades que coloquem o aluno diante de desafios impostos pela
leitura e interpretação de um mundo letrado no qual está inserido. Os
professores são os principais articuladores e promotores dessas práticas organizadas
e planejadas de conhecimento e reconhecimento de um mundo letrado (RANGEL;
MACHADO, 2012, p. 2).
Saber ler e escrever é imprescindível para a formação
e desenvolvimento integral do cidadão. Normalmente, ensinar a ler e a produzir
textos são tarefas atribuídas, na escola, especificamente ao professor de
língua materna. Todavia, quando a comunidade escolar “possui” o compromisso de
contribuir na formação de sujeitos leitores e escritores, deve haver o
engajamento e a participação de toda a comunidade escolar, sobretudo dos
docentes em todas as áreas do conhecimento.
Neste viés, concordamos com Stlik & Higa (2014)
que afirmam que esse compromisso não pode se restringir apenas ao professor de
Língua Portuguesa, mas os docentes de disciplinas como Física, Química,
Biologia, Ciências e Matemática precisam oferecer oportunidades para que o
estudante tenha acesso à leitura e produção de textos de vários gêneros,
tornando o capaz de interpretar e compreender informações de diferentes fontes.
Ou seja, é possível contribuir no ensino e aprendizagem de competências e habilidades
de leituras, produções e interpretações de textos sem deixar de ensinar
conteúdos específicos da disciplina.
De acordo com Rangel & Machado (2012) as ações de
leitura e escrita exigem que o sujeito aprendiz adquira competências
específicas para conseguir assimilar os conteúdos lidos, a fim de torna-los
úteis no seu cotidiano. Com efeito, Freire (1989) afirma que a leitura e a
escrita, ou seja, a alfabetização do sujeito aprendiz constitui-se em um
movimento dinâmico, de ir e vir, movimento que flui da leitura do mundo à
leitura da palavra e vice-versa. Ou seja, a leitura do mundo antecede a leitura
da palavra e a prática consciente pode transformar o “mundo”.
Para esses pesquisadores a aquisição da competência e
da habilidade de leitura e escrita de diferentes gêneros textuais é um processo
que demanda consistente organização didática, e, além disso, depende de
mediações e motivações para que o sujeito aprendiz adquira o prazer de ler e
escrever em qualquer fase da vida.
Conforme Solé e Schilling (1998, p. 20) “[...] na
aprendizagem da leitura, o aprendiz precisa da informação, do apoio, do
incentivo e dos desafios proporcionados pelo professor ou do especialista na
matéria em questão [...]”. Ademais, para as autoras a leitura é um processo de
interação entre leitor e o texto, carregado de objetivos variados. Há um
horizonte amplo de propósitos que mobiliza o leitor diante de um texto tais
como fantasiar, deleitar, seguir instruções, buscar informações, argumentar e
contra argumentar conhecimentos dentre outros. Isso significa que no processo
de leitura implica considerar sua finalidade, pois não é um ato desinteressado.
Igualmente, faz se necessário compreender que o ensino
e aprendizagem da leitura é um processo complexo, pois exige o conhecimento de
vários fatores tais como: o nível de letramento e alfabetização do sujeito, os
tipos de textos e leituras que serão desenvolvidos com os estudantes, as formas
de assimilação do texto e o conhecimento de quem é o sujeito aprendiz (PIETRI,
2009). Com efeito, o autor afirma:
A atividade de
leitura exige muito trabalho, e o prazer da leitura se origina das
possibilidades de realizar esse trabalho. Essas possibilidades são construídas - não nascemos com elas, mas as
adquirimos e desenvolvemos - e podem ser aperfeiçoadas continuamente
(PIETRI, 2009, p. 23).
Ensinar com
qualidade exige profissionais preparados e atualizados, que se inserem sem
reservas no processo educativo. Para tanto, é necessário ter consciência dos
desafios que estão subjacentes na busca do aperfeiçoamento da prática
pedagógica, das rupturas de concepções e mudanças de visões construídas nos
anos de experiências de sala de aula.
A construção do
conhecimento é conduzida pelo ato de educar que, por conseguinte demanda dos
educadores e pesquisadores, eficiência, dinamismo consistente, formação
científica e pedagógica, consciência das transformações que ocorrem na
sociedade para reflexão sobre os possíveis desafios encontrados na profissão e
atitudes para buscar e propor possíveis soluções nas situações manifestadas.
Recorremos a Pietri (2009) para reiterar que a
aquisição da leitura e escrita é um processo que envolve vários fatores. Com
isso, ressaltamos que os trabalhos colaborativos e interdisciplinares são fundamentais
no planejamento de conteúdos escolares. Por isso, a inserção de textos
variados, jogos, artigos, poemas, receitas culinárias, músicas, desenhos, imagens,
mapas, gráficos, ambientes extraclasses dentre outros elementos didáticos devem
ser considerados importantes neste processo. Segundo o autor é,
a partir de um
planejamento estruturado, segundo a diversidade de possibilidades linguísticas
que a linguagem em suas múltiplas formas pode oferecer, e de atividades e estratégias
capazes de abrir os caminhos para que cada forma de linguagem ganhe sentido
para o aluno, o professor vai abrindo e criando espaços para que os processos
linguísticos possam ser assimilados e compreendidos ( PIETRI, 2009, p. 2009).
Moreira (1997) aponta vários princípios para que
ocorra uma aprendizagem significativa. Dentre eles, o autor afirma que a
utilização de recursos e materiais diversificados facilita a aprendizagem
significativa do sujeito aprendiz. Ou seja, o professor não deve centralizar no
uso exclusivo do livro didático e do quadro de giz.
Faz- se necessário buscar métodos eficientes de como
ensinar a leitura e escrita, mas também pensar como fazer para que o aprendiz
deseje ler e escrever seus textos.
Condições Metodológicas
O evento iniciou em sala de aula com os alunos e a professora
realizando uma exposição dialogada a respeito do tema de estudos, com
explicações de como seria o desenvolvimento das ações e suas finalidades. Este
foi um momento importante para estimular e ativar o envolvimento dos alunos nas
tarefas. A atividade aqui descrita, utilizando jornais para a leitura e
produção de textos, foi realizada em sala de aula por 30 alunos das turmas de
Ensino Fundamental, período noturno, no CEJA - Getúlio Dornelles Vargas, nas
disciplinas de Ciências/Matemática.
O trabalho constitui se da seguinte forma: iniciamos as
atividades com a distribuição de exemplares de jornais para todos os alunos. Em
seguida, solicitamos que eles localizassem a página destinada aos anúncios dos
classificados. Após a leitura e análise de alguns anúncios, os alunos deveriam
selecionar um (01) ou dois (02) anúncios e, por meio de leitura, compartilhar
com os colegas da turma. Assim que todos os alunos realizaram a leitura, discutimos
e analisamos as características que um anúncio deve conter. Posteriormente, foi
distribuída aos alunos uma segunda seção de classificados contendo anúncios que
abordavam questões e conceitos sobre Ciências, Matemática e artes (textos
humorísticos e criativos). Logo em seguida todos os alunos realizaram uma
leitura compartilhada para os colegas da sala de aula.
Propomos, após as leituras, para as turmas análise, discussão
sobre os tipos de anúncios e que cada aluno produzisse um texto escrito com uma
autopropaganda, como se fossem um produto à venda ou para ser alugado. Suas produções
foram recolhidas e apresentadas em sala de aula para todos os alunos. Para
finalizar as atividades, realizamos um momento para discussão sobre os
conceitos relevantes, a importância e a finalidade das atividades, bem como as
principais dificuldades na realização das mesmas.
Resultados
e Discussões
Ao
entregar os jornais para os alunos, foi concedido um tempo para que eles
encontrassem as páginas solicitadas, porém a maioria dos alunos desconhecia a seção
do jornal destinada aos anúncios, e disseram nunca terem feito uso da mesma. Ao
receberem a explicação, poucos alunos reconheceram a página solicitada e
necessitaram de auxílio para encontrá-la. Alguns deles comentaram que fazem a
busca de imóveis e objetos para venda ou aluguel em páginas de aplicativos na Internet,
mas em jornais nenhum aluno o fez.
Durante a leitura do anúncio escolhido, verificamos que
alguns dos alunos ainda estão se apropriando dessa habilidade, demonstraram
dificuldades tais como reconhecer grafia, normas gramaticais básicas, o
significado de termos rotineiros, pronunciar letras, localizar informações explícitas
e elementos principais dos textos. Estas dificuldades, posteriormente, foram
transcritas e confirmadas na escrita dos textos. Observamos (Figura. 01) que
alguns alunos escrevem como pronunciam as palavras.
Figura 01– Produção escrita de
aluno do Ensino Fundamental do CEJA.
No momento da leitura compartilhada, seção de anúncios
criativos e divertidos, vários estudantes solicitaram auxílio, pois não compreenderam
as informações textuais. Porém, esses estudantes mesmo com suas limitações não
se intimidaram a participar da atividade, pelo contrário se dispuseram
voluntariamente para a leitura. Aqueles com maior fluência na leitura
expressavam alegria e satisfação logo que iniciavam a leitura compartilhada,
evidenciando maior domínio, fluidez e certa técnica na leitura e compreensão dos
textos.
Quando os estudantes foram informados que deveriam
produzir um texto de anúncio, no qual seriam o produto a ser vendido ou locado,
todos apresentaram certa resistência, dizendo não saberem o que e/ou de que
escrever, ou ainda por julgarem não possuir características interessantes para
a autopropaganda. Porém, através da interação e apoio dos colegas e professores
todos se encorajaram e fizeram seus anúncios.
Defendemos que atitudes como estas
não devem ser vistas pelo docente como obstáculos para não planejar este tipo
de atividades, mas como oportunidades para melhorar e ressignificar o saber e
fazer pedagógico. Nessa perspectiva, nossa proposição encontra anuência com
Rangel e Machado (2012, p.3) que afirmam que à função do professor nessa
trajetória é “desenvolver atividades que
oportunizem aos alunos tornarem-se leitores e escritores competentes, criando
hábitos de leitura e escrita para além do conteúdo curricular obrigatório, a
partir do contato direto e permanente com o mundo letrado.”
Vale destacar que na atividade de produção de texto,
percebemos que além da resistência inicial, os estudantes se sentiam incapazes cognitivamente,
revelando baixa autoestima com expressões negativas e de fracasso. A maioria
dos alunos aparentavam curiosos para saberem o que os colegas escreveram, enquanto
outros pediram para que seus textos não fossem socializados com os colegas, mas
autorizaram a realização da leitura. Para Stlik & Higa (2014) é necessário
ir aos poucos despertando nos aprendizes o hábito pela aquisição do
conhecimento e o prazer pela leitura e escrita.
Julgamos importante ressaltar, que ao executar essa
atividade sobre a capacidade de escrita dos alunos, tornou-se evidente a
necessidade de buscar e implementar estratégias pedagógicas que auxiliem o professor
a ensinar a leitura e produção de diferentes textos propiciando aos alunos oportunidades para a aprendizagem desse
conhecimento.
Figura 2 – Produção escrita de aluno do Ensino
Fundamental do CEJA.
Constatamos que 61% dos anúncios escritos pelos alunos
tratavam de autopropaganda, ou seja, eles se fizeram de objetos, vendendo ou
alugando a si mesmos, valorizando características pessoais ou tarefas que sabem
fazer. Os demais anúncios, ou seja, 39%
referiam se a propaganda de objetos como casas, carros e animais.
A maioria dos textos apresentaram alguns problemas de
ortografia como palavras sem acento, letras maiúsculas no meio da frase, e
erros de pontuação – omissão de vírgulas e pontos finais, e vários não possuíam
uma pontuação sequer, do início ao fim do texto. Isto é, desprovidos de domínio
básico dos códigos, normas e habilidades convencionalmente requeridas para um
indivíduo alfabetizado. Com efeito, Moreira & Rocha (2013, p. 3) ao citarem
Soares (2004) afirmam que “a alfabetização envolve o processo da consciência
fonológica e fonêmica, a construção das relações som e letra e o aprender a ler
e a escrever alfabeticamente”.
Essa estratégia didática revelou que os alunos são
criativos ao produzir os textos de anúncios. Além disso, a análise dessa ação
reforçou a ideia da necessidade de empenho e dedicação conjunta dos docentes em
busca de novos caminhos metodológicos, que possibilitem aperfeiçoar o
conhecimento dos aspectos inerentes ao processo de ensino e aprendizagem de leitura
e a escrita, uma vez que é um compromisso de toda a comunidade escolar.
Considerações
Finais
A atividade formulada serviu como instrumento para análise
diagnóstica e avaliativa da prática pedagógica, pois pode possibilitar ao
professor auxiliar os alunos que apresentaram dificuldades na leitura e na
escrita de textos e que necessitam de intervenção pedagógica mais intensa.
De maneira geral, todos os aprendizes necessitam de
auxílio pedagógico, porém, em alguns casos, a necessidade de uma intervenção
pedagógica tornou se mais evidente. A
alfabetização e letramento do indivíduo são essenciais para sua inserção no
mundo da leitura, escrita e compreensão de textos de diferentes gêneros, e
consequentemente para a apropriação de conteúdos, conceitos, ideias e
proposições em todos os componentes curriculares.
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& Ivanilda. HIGA. Leitura e
Produção Escrita no ensino de Física como Meio de Produção de Conhecimentos. Experiências
em Ensino de Ciências V.9, Nº. 3. 2014.
[1] Mestre em Fisiologia Vegetal – CEJA Getúlio Dornelles Vargas/
Primavera do Leste/MT
[2] Especialista em Metodologia do Ensino da Matemática - CEJA Getúlio
Dornelles Vargas/ Primavera do Leste/MT
[4] Especialista em Ciências Políticas - CEJA Getúlio Dornelles
Vargas/ Primavera do Leste/MT
[5] Especialista em Educação Física Escolar - CEJA Getúlio Dornelles
Vargas/ Primavera do Leste/MT
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