quarta-feira, 14 de março de 2012

Estudo destaca disparidades entre aprendizado escolar e mercado de trabalho


  Por Fábio Torres - Revista Profissão de Mestre

Um estudo realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e divulgado nesta semana destacou as diferenças entre o que é ensinado nas salas de aula e o que é demandado pelo mercado de trabalho. Intitulado ”Desconectados – Habilidades, Educação e Emprego na América Latina”, o documento tem como base duas pesquisas, uma realizada com 6.200 jovens de 25 a 30 anos da Argentina e Chile e outra feita com 1.200 empresas do Brasil, Argentina e Chile. A principal conclusão obtida é que existe hoje, na América Latina, uma grande defasagem entre as habilidades adquiridas no banco da escola e aquelas que são exigidas pelo mercado de trabalho para jovens que terminam a educação secundária na região. O trabalho do BID ainda documenta um sistema educacional que melhorou em termos de cobertura, mas não em qualidade nem em ferramentas que estimulem os alunos a concluir seus estudos.
O estudo também revela que existe hoje uma significativa redução dos salários relativos de trabalhadores com instrução secundária; níveis de desemprego historicamente altos; participação baixa e estagnada no mercado de trabalho; salários praticamente sem crescimento em três décadas e informalidade crescente. Esses indícios mostram que a situação de trabalho dos jovens é pior na atualidade, especialmente para jovens com nível secundário de instrução.


Importância para competências socioemocionais
De acordo com os resultados das análises, as empresas latinoamericanas dão maior importância hoje em dia para as habilidades socioemocionais, ou seja, aquelas relacionadas ao comportamento, tais como relacionamento com colegas, empatia, adaptabilidade, cortesia, responsabilidade, comprometimento, etc. Aliás, 80% das empresas que participaram da pesquisa afirmaram que essas são as qualidades mais difíceis de encontrar em jovens candidatos.
O estudo também destaca que os indivíduos mais instruídos apresentam melhores habilidades tanto do lado cognitivo como socioemocional. Além disso, pelo menos 30% das empresas ainda consideram que a formação recebida na escola secundária não é suficiente para o desempenho das tarefas requeridas.
Segundo Marina Bassi, especialista em educação do BID e pesquisadora do estudo, “os jovens da região que decidem procurar emprego depois de terminar a escola secundária começam em desvantagem. Infelizmente, a escola não lhes dá as ferramentas que o mercado de trabalho pede e eles enfrentam uma realidade em que não conseguem progredir”.
Recomendações
O estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento também cita quatro recomendações que os sistemas educacionais latinoamericanos devem adotar para suprimir essa defasagem:

  • Um âmbito de intervenção mais amplo na escola que integre o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, reformando não só o conteúdo curricular, mas também as práticas pedagógicas com esse objetivo.
  • Mecanismos que vinculem as escolas ao meio, especialmente ao âmbito produtivo.
  • Sistemas de avaliação e informações aliados às habilidades que se busca desenvolver, não só conhecimentos acadêmicos, mas também habilidades socioemocionais relevantes para o desenvolvimento no trabalho e na vida.
  • Professores bem preparados e esquemas de incentivos consistentes com os resultados exigidos pelas metas propostas.
A pesquisa “Desconectados – Habilidades, Educação e Emprego na América Latina” pode ser lida na íntegra clicando aqui.
Fonte: http://www.profissaomestre.com.br/view/action/visualizarMateria.php?cod=1327

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