O
Brasil é um país formado por uma rica diversidade étnica racial, contamos com a
presença de vários povos: indígenas, africanos, asiáticos, europeus entre
outros, estes contribuíram para a multiculturalidade brasileira, representada
pelas línguas, ritmos musicais, custumes, artes, culinária, religiosidade,
organização social, concepções do sagrado
e do cosmológico.
Nosso
país é formado por povos milenares, que possuem uma diversidade sociocultural
desconhecida, subestimada, desprezada e discriminada pelos descendentes de
europeus que acreditam que cultura eurocêntrica
ocidental é a melhor, esse entendimento errôneo está fundamentado no etnocentrismo. Do ponto de
vista antropológico não existe cultura superior e cultura inferior, cada povo
constrói na coletividade, seus símbolos, crenças, conhecimentos e modos de relacionar se com o mundo, com a morte, com o sagrado
e de prover as suas necessidades.
Nesse sentido, é impossível tornar os povos indígenas e a
cultura dos mesmos “ invisíveis”, pois a diversidade cultural desse segmento
social está presente no cotidiano brasileiro, matogrossense e primaverense, não
tem como negar a identidade, os direitos sociais e as contribuições culturais e econômicas
desses povos que convivem conosco, e nem
tão pouco segregá-los.
Cada povo indígena possui formas de organização cultural, social, política e
de relação com o mundo e com o
ambiente diferente do modelo de produção e consumo vigente na sociedade
brasileira, a forma de manejar os recursos naturais, não altera os princípios
de funcionamento da natureza e nem coloca em risco as condições de reprodução
do meio ambiente. O modo de vida desses povos não segue a lógica do capitalismo
eurocêntrico, da produção e do acumulo de bens e riquezas.
Os povos indígenas ocupam 11% do
território nacional, o que corresponde a 688 terras indígenas legalmente
demarcadas pelo Estado brasileiro que tem como obrigação protegê-las, estas terras são ocupadas de forma permanente
pelos povos de acordo com suas tradições
culturais. Segundo IBGE a população indígena no Brasil
triplicou nos últimos trinta anos, passando de 294.131 em 1991 para 817.936 em
2010. O IBGE credita esse crescimento ao processo de “etnogênese” ou “reetinização”
“quando os povos indígenas reassumem e
recriam suas tradições após terem sidos forçados a escondê-las e a negar suas
identidades tribais como estratégias de sobrevivência”.
Os povos indígenas estão presentes em 85,5%
dos municípios brasileiros, 315.180
estão vivendo em áreas urbanas e 350.829 em áreas rurais, existem no país 305 etnias e 274 línguas distintas formadas a
partir dos troncos lingüísticos: Tupi, Macro-Jé, Karib e Aruak, a partir desses
troncos vêm às dezenas de famílias e
dialetos ( Aweti, Kayabi, Xavante, Bakairi, Boróro, Kaingâng etc.) a riqueza cultural desses povos faz com que muitos deles sejam poliglotas,
falam várias línguas. As regiões nas quais as etnias mais preservam suas
línguas nativas são o Norte com 55,2% e o Centro Oeste com 57,1%. Dados do
IBEG ainda apontam que 76,7% dos povos
indígenas são alfabetizados na língua materna, tendo a língua portuguesa como
segunda língua.
Daí necessidade de respeitarmos e
reafirmarmos as diferenças culturais, a diversidade socioambiental e rompermos
com as visões estereotipadas sobre a questão indígena brasileira, conforme explica o antropólogo Paulo Issac que afirma existir no imaginário
brasileiro três visões equivocadas sobre os povos indígenas: VISÃO GENÉRICA – simplista e
ambígua. VISÃO PRECONCEITUOSA – difamatórias, depreciativas, pejorativas,
fantasiosas, obliteradas e imprecisas. VISÃO ROMÂNTICA – ufanista, paradisíaca
e sociedade perfeita.
Não podemos continuar tratando esses
povos com olhar eurocêntrico de colonizador, com se fossem estrangeiros em suas
próprias terras, bem como não podemos
negar o acesso aos bens culturais presentes na nossa sociedade. Mesmo que os povos indígenas se
apropriem das ferramentas culturais, não deixarão de ser indígenas conforme o
pensamento abaixo de um cacique.
“Eu posso ser como você, sem deixar de ser como eu
sou”
Formadores do Cefapro trabalhando com os professores indígena do Xingu
Ritual do Kuarup no Xingu
Rosa Maria Mayate
– Etnia Bakairi- Professora Especialista em Educação Escolar Indígena. Formadora da Educação Escolar Indígena-
Cefapro/PVA
Serlene Ana De
Carli _ Professora Mestre em Geografia - Formadora da Educação do Campo –
Cefapro/PVA.
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