As análises feitas são duras, como dura é a realidade. Confesso no entanto: quando a gente está presente, vê, escuta e sente a dureza, na hora do despejo, depois do despejo, e então para sempre, a dureza é maior.
No dia de ontem, 03/08/2011, o Estado de Mato Grosso (poder judiciário e poder executivo) montou um aparato repressor estraordinário. Foram muitos policiais, assustador, com seus cacetetes, armas de fogo, veículos, caminhões, helicóptero. Estavam presentes a força tática, a polícia rodoviária federal, entre outros.
Foi um cenário que dividiu os pobres: policiais, pobres assalariados, cumprindo a função repressora do Estado, comandado por aqueles como a nota abaixo esclaresse; trabalhadores sem-terra, que se sustentam com trabalhos sazonais, precários, com suas mochilas, bicicletas, colchões.
Haviam e há também crianças, algumas haviam estado na escola, queriam entender, estavam com fome e também com frio (aliás ainda estão).
No cenário de guerra, quando o movimento dos sem terra, decidiu não enfrentar a força repressora do Estado, um aparato extremamente assustador, a relação entre os sem terra e os policiais até começou a ser amistosa. Amistosa, porque de um lado e de outro estavam e estão familiares, conhecidos, quando não esposas e maridos, irmãos. Todas pessoas da mesma cidade, do mesmo município.
Que cenários sórdidos a luta de classes nos proporcionam. A juíza, os promotores, os governantes, representantes do poder dos dominantes não estavam ali, no front, quem estava ali eram realmente os pobres, uns um pouco mais e outros um pouco menos, uns que tinham o que comer e onde dormir de noite e outros não, mas todos e todas pobres.
Algumas pessoas, sem terra, na sua pobreza material, faziam perguntas muito ricas: porque todo este aparato policial, porque tanta polícia, se nós somos da paz, somos trabalhadores, não somos bandidos, só queremos um pedaço de terra para trabalhar, produzir, "ganhar o pão nosso de cada dia" honestamente?
Para estes homens e mulheres, o Estado não ofeceu o cabo da enxada, da foice, da pá, do rastelo, mas o cabo do cacetete; não ofereceu plantadeiras, mas a pistola e a metralhdora; não ofereceu o trator, mas o camburão; não ofereceu a ceifadeira, mas um helicóptero para a repressão; não ofeceu armazéns, mas o jogar pessoas num ginásio (Didi Profeta, oh tristes profetas, que anunciam!!); não ofereceu o transporte para sementes, para os produtos, mas caminhões para transportar os poucos e muito valorosos pertences de pessoas empobrecidas, transportando-as não sabiam para onde;
Em vez de mandar brigadas de educadores, médicos, enfermeiros, engenheiros, técnicos agrícolas, o Estado mandou um batalhão de policiais.
Em vez de organizar, o Estado desmanchou.
Em vez de empolgar, o Estado entristeceu.
Em vez otimizar, potencializar, o Estado subtraiu, rouba a esperança.
Quanto cinismo sórdido!!
Quanto promoção da "pobrefobia" (vide abaixo)!!!
Laudemir Luiz Zart é professor da UNIMAT de Cáceres
No dia de ontem, 03/08/2011, o Estado de Mato Grosso (poder judiciário e poder executivo) montou um aparato repressor estraordinário. Foram muitos policiais, assustador, com seus cacetetes, armas de fogo, veículos, caminhões, helicóptero. Estavam presentes a força tática, a polícia rodoviária federal, entre outros.
Foi um cenário que dividiu os pobres: policiais, pobres assalariados, cumprindo a função repressora do Estado, comandado por aqueles como a nota abaixo esclaresse; trabalhadores sem-terra, que se sustentam com trabalhos sazonais, precários, com suas mochilas, bicicletas, colchões.
Haviam e há também crianças, algumas haviam estado na escola, queriam entender, estavam com fome e também com frio (aliás ainda estão).
No cenário de guerra, quando o movimento dos sem terra, decidiu não enfrentar a força repressora do Estado, um aparato extremamente assustador, a relação entre os sem terra e os policiais até começou a ser amistosa. Amistosa, porque de um lado e de outro estavam e estão familiares, conhecidos, quando não esposas e maridos, irmãos. Todas pessoas da mesma cidade, do mesmo município.
Que cenários sórdidos a luta de classes nos proporcionam. A juíza, os promotores, os governantes, representantes do poder dos dominantes não estavam ali, no front, quem estava ali eram realmente os pobres, uns um pouco mais e outros um pouco menos, uns que tinham o que comer e onde dormir de noite e outros não, mas todos e todas pobres.
Algumas pessoas, sem terra, na sua pobreza material, faziam perguntas muito ricas: porque todo este aparato policial, porque tanta polícia, se nós somos da paz, somos trabalhadores, não somos bandidos, só queremos um pedaço de terra para trabalhar, produzir, "ganhar o pão nosso de cada dia" honestamente?
Para estes homens e mulheres, o Estado não ofeceu o cabo da enxada, da foice, da pá, do rastelo, mas o cabo do cacetete; não ofereceu plantadeiras, mas a pistola e a metralhdora; não ofereceu o trator, mas o camburão; não ofereceu a ceifadeira, mas um helicóptero para a repressão; não ofeceu armazéns, mas o jogar pessoas num ginásio (Didi Profeta, oh tristes profetas, que anunciam!!); não ofereceu o transporte para sementes, para os produtos, mas caminhões para transportar os poucos e muito valorosos pertences de pessoas empobrecidas, transportando-as não sabiam para onde;
Em vez de mandar brigadas de educadores, médicos, enfermeiros, engenheiros, técnicos agrícolas, o Estado mandou um batalhão de policiais.
Em vez de organizar, o Estado desmanchou.
Em vez de empolgar, o Estado entristeceu.
Em vez otimizar, potencializar, o Estado subtraiu, rouba a esperança.
Quanto cinismo sórdido!!
Quanto promoção da "pobrefobia" (vide abaixo)!!!
Laudemir Luiz Zart é professor da UNIMAT de Cáceres
texto do professor Laudimir, postado pela professora Serlene Ana
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