sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

EXPERIÊNCIA NA DOCÊNCIA DA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA


Trabalho apresentado durante o I Seminário Regional de  Educação e Formação Continuada organizado pelo Cefapro de Primavera do Leste, participaram representantes de escolas da Rede Estadual dos municípios Campo Verde, Gaúcha do Norte, Paranatinga, Poxoréu, Primavera do Leste e Santo Antônio do Leste

REGINALDO FERREIRA MIRANDA[1]
ELIZANA MONTEIRO LOURENÇO MIRANDA[2]

Resumo: Ser docente em uma escola indígena tem sido uma experiência gratificante, porém desafiadora. Convivemos com um diferencial, pois a resposta dos estudantes há tudo o que é apresentado, é sempre positiva, o entusiasmo que demonstram e a alegria que sentem quando aprendem algo, é estimulante. A nossa atuação é no Alto Xingu, Escola Indígena Leonardo Vilas Boas – Sala Anexa Aldeia Nekupai ministrando aulas para o Ensino Médio e para o Educação de Jovens e Adultos (EJA), com alunos de duas etnias: Kuikuro e Nafukuá. A Aldeia Nekupai localiza-se a pouca distância da cidade de Gaúcha do Norte e isto faz com que os alunos tenham um contato quase que constante com “o branco”, o que facilita a compreensão da Língua Portuguesa ajudando em sala de aula, embora, ainda não entendam o significado de muitas palavras ou expressões, mesmo conhecendo-as. Com isso, o objetivo do relato é demonstrar a ação docente que direcionamos com o intuito de contribuir para o desenvolvimento social e intelectual dos discentes indígenas. Em sala de aula, o método de ensino é o expositivo, por isso, inicialmente, fazemos a leitura do conteúdo proposto, em seguida, procedemos à explicação, de forma lenta e pausada e na sequência, aplicamos um questionário e/ou exercício de fixação, que procuramos corrigir em sala, antes do término da aula. Procuramos respeitar o ritmo de cada aluno e somente avançamos com o conteúdo, após perceber que houve compreensão por parte de todos. Isto é possível, porque os alunos indígenas não são agitados e conseguem ficar em silêncio, enquanto dedicamos atenção aos colegas. Outro método que costumamos utilizar para fixação do conteúdo é a divisão de grupos ou duplas para realização de alguma atividade, normalmente pedimos que apresentem aos demais colegas e apesar da timidez, a prática tem funcionado e a desinibição adquirida contribuído para o desenvolvimento social deles. Para Meliá (1979, p. 60), ensinar em português é ensinar a segunda língua a partir de uma metodologia de estudo e prática das quatro habilidades básicas da linguagem, escutar, falar, ler e escrever. Eles aprendem melhor pelo método da repetição, então, repetimos sempre o conteúdo anterior, antes de apresentar um novo. Percebemos que as duas turmas têm obtido um bom desenvolvimento em todos os sentidos, principalmente na compreensão e fixação de conteúdo, no entanto, ainda enfrentamos a dificuldade da barreira da língua indígena, porém, a satisfação é a contribuição para o desenvolvimento social e intelectual de todos os alunos. Por fim, concluímos que é importante ensinar de formas diferenciada na educação escolar indígena, considerando as diferenças culturais e formas de aprender e ensinar própria, estruturada na cotidianidade da comunidade, sendo todos responsáveis pelo processo que perpassa por toda vida do aluno indígena.
 Referência
MELIA, Bartolomeu. Educação indígena e alfabetização. São Paulo: Loyola, 1979.

[1] Escola Estadual Indígena Leonardo Vilas Boas – Sala Anexa Aldeia Nekupai, Município de Gaúcha do Norte.
[2] Escola Estadual Indígena Leonardo Vilas Boas – Sala Anexa Aldeia Nekupai, Município de Gaúcha do Norte.

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